sábado, 27 de setembro de 2008

Mário Soares



Não é fácil falar de Mário Soares, dada a grandeza da sua personalidade.

Não tenho o intuito de abordar a sua actividade política, que o levou a travar inúmeras batalhas contra os seus adversários, antes e depois do 25 de Abril, em defesa da democracia em Portugal.

Quero sim, falar do Homem, das suas qualidades.

Gostaria de salientar algumas das suas características pessoais que lhe moldaram a personalidade e o carácter: a coragem física e moral, a grandeza ética, a frontalidade, a lealdade, a integridade, a liderança, a clarividência, a capacidade de trabalho, a inteligência, entre muitas outras qualidades.

Sempre se disse socialista, laico e republicano e desses atributos forjou a sua marca de água.

Foram sempre estes os princípios orientadores de uma acção multifacetada irrepreensível, que não conhecia inimigos, mas que era intransigente para com os seus adversários.

Tinha e tem, felizmente, muitos amigos, de todos os quadrantes, de diversas proveniêcias em tantos "fora" nacionais e internacionais onde participou ou onde esteve integrado, desde o Colégio Moderno ou o Partido Socialista, até ao Governo Português e à Internacional Socialista, à União Europeia e à ONU.

Transformou-se num cidadão do mundo e numa das figuras mais importantes do Século XX português.

Foi e continua a ser o ídolo de muitos portugueses, novos e mais velhos, pois sempre se mostrou uma pessoa livre, aberta, fiel aos amigos e camaradas, coerente com os ideais que sempre defendeu.Amigo de colaborar em prol do bem comum e participar na melhoria dascondições sociais do nosso país, sempre deu a cara pelas causas mais nobres, defendendo em quaisquer circunstâncias: a VERDADE e a JUSTIÇA.



domingo, 21 de setembro de 2008

BOA NOTÍCIA

Saudamos vivamente o regresso do nosso camarada António José Seguro ao contacto com os media. Vai integrar o painel de comentadores da rúbrica Frente a Frente, do jornal das 9 horas, da SIC Notícias.

Vamos ficar atentos.

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quarta-feira, 17 de setembro de 2008

Carta pouco aberta

Meu caro amigo e camarada David

Tenho lido com o maior interesse os teus textos sobre as eleiçoes americanas.Vejo que continuas empenhadíssimo nas presidenciais nos EUA, que se aproximam rapidamente e que parecem ter, para ti, uma importância decisiva, relativamente à política nacional. Eu não concordo contigo. Acho que há muito mais vida para lá dos problemas dos EUA, até porque qualquer resultado que delas decorra, não irá alterar significativamente o cenário político internacional, em geral, e o nacional, em particular.Talvez na economia sim, mas com a tempestade financeira instalada, quem pode, nesta altura do campeonato, prever seja o que fôr...
Quanto à política pura e dura, gostaria de te lembrar, que foi o Kennedy quem mandou invadir a Baía dos Porcos, e foi Clinton quem bombardeou furiosamente a Jugoslávia. Já agora mais prospectivamente, gostaria de saber quem poderá vir a acabar com as guerras do Iraque e do Afeganistão. Ou quem irá, talvez, bombardear o Irão. Gostaria ainda de descobrir quem vai travar a implementação dos mísseis com ogivas nucleares a instalar na europa oriental, apontados à queima roupa à Federação Russa.
Vejo, isso sim, com preocupação, as manobras de envolvimento de Cavaco Silva para condicionarem, cada vez mais, o P.S. e José Sócrates, com o propósito de encostar “o centrão” cada vez mais à direita, e levar de novo, a curto e/ou a médio prazo, o PSD/PPD ao poder. O perigo é ainda maior graças às sucessivas pressões à esquerda do PS. Claro que há as eleições na América, que vão ser muito importantes, com certeza.
No entanto teremos que ser nós, primeiro que tudo e que todos, a lutar contra a direita. Os americanos, qualquer que seja a sua côr, costumam estar quase sempre do lado errado do nosso.

Saudações socialistas

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terça-feira, 16 de setembro de 2008

... a 50 dias da decisão

Pondo de parte as questões que têm a ver com a forma com que cada sondagem ou estudo de opinião é realizado, dado que alguns deles são manifestamente insuficientes para aferir do resultado final, importa realçar algumas questões.

Importante em todas as eleições são sempre as votações paralelas em cada estado e mesmo condado, desde referendos sobre questões específicas às eleições para Governador, Senadores ou Representantes na Câmara dos deputados. A isso voltarei noutra altura.

Relevante para a vitória em cada estado é também a presença a sufrágio de outros candidatos, como o independente Ralph Nader ou o candidato do Libertarian Party, Bob Barr que poderão fazer alterar o vencedor em estados de diferenças mais reduzidas entre os candidatos democrata e republicano.

Dada a forma de eleição do Presidente dos Estado Unidos o resultado final global não é de todo significativo para a vitória.

Através de colégio eleitoral composto por "grandes eleitores" representativos dos vários estados, na quase totalidade dos estados representando o vencedor nesse mesmo estado seja com mais 1 voto ou mais um milhão, encontra-se o eleito.

Apesar de não ser relevante para a vitória no estado as sondagens globais poderão naturalmente influenciar a tendência de voto dos indecisos. Se olharmos a estas (nomeadamente para as que agrupam vários estudos), agora que o efeito convenções foi esbatido, verificamos a existência de um empate técnico com ligeira vantagem para McCain (45-45 CNN pool of pools 15/9 ou 46.3-44.7 NPR 5/9-14/9) após maior ascendente do candidato republicano na semana anterior.

No entanto olhando para cada estado a tendência pende para Obama, mesmo nos dias pós Saint Paul. Vendo os estados eleitos como campo de batalha por ambas as partes resulta que Indiana, Missouri,  Florida, Carolina do Norte, Montana, Georgia, Texas, Mississipi e  Louisiana pendem de forma mais ou menos clara para McCain enquanto que Iowa, Oregon, Wisconsin, New Jersey, Washington e California para Obama.

Quanto aos estados da decisão, os chamados Toss Up em que as diferenças são mínimas, McCain conquista Ohio e eventualmente o Nevada enquanto que Obama segura Michigan, Pennsylvania, New Mexico, New Hampshire e o Minnesota, embora em qualquer deles haja resultados favoráveis a ambos os candidatos.

Se, volto a referir, se nestes assim acontecesse bastaria a Obama ganhar o Colorado, onde tem liderado e foi aposta pela realização da convenção democrata em Denver, alcançando 273 dos 270 eleitores necessários, restando ainda a surpresa da campanha 2008, a Virginia.

Neste estado tradicionalmente republicano, onde Bush venceu em 2000 e 2004 por mais de 8 pontos existe neste momento um empate.

Qualquer decisão, discurso ou acção de campanha neste momento poderá ser crucial na conquista de votos ainda não definidos. Disso exemplo foi a escolha de McCain para seu Vice. Palin poderá não ter acrescentado muitos votos ao centro mas seguramente é inquestionável que agitou e mobilizou as hostes mais conservadoras dos republicanos e seguramente assim conquistou um "exército" imprescindível para alcançar a vitória.

terça-feira, 9 de setembro de 2008

O Socialismo em Portugal

Partido Socialista Português

O Partido Socialista Português (PSP) foi um movimento político fundado em 1875, na sequência do 1º Congresso Internacional Operário, de Haia.

Pode dizer-se que foi o antepassado longínquo do PS actual.

Tomaram parte na sua fundação, entre outros, José Fontana, Azedo Gneco, Nobre França e Antero de Quental. Embora vivendo nos Açôres por questões de saúde, Antero era uma das figuras mais intervenientes do partido. Foi o autor do 1º Manifesto e um dos principais colaboradores do programa político, o qual, por divergências internas, acabou por nunca ter sido publicado.
O PSP viria a sofrer várias cisões e transformações. Uma das mais importantes daria lugar a uma aliança com o Partido Republicano, a qual não teve grande sucesso.
Várias razões estão na origem das dificuldades ligadas ao crescimento do Partido Socialista Português: a forte popularidade do partido republicano, a grande implantação do anarquismo, e o advento do comunismo, são as principais. Por isso o PSP veio a esboroar-se lentamente, tendo praticamente desaparecido no principio da década de 20.
Os ideais socialistas, cuja figura de proa foi Antero de Quental, só viriam a ressurgir quase meio século depois.

Antero de Quental (1842-1891) foi uma personagem controversa, tendo todavia sido considerado o pai espiritual da chamada Geração de 70. Destacou-se como
poeta, filósofo, ideólogo e político.
Sofreu forte influência de Proudhon, tendo contribuido para a discussão das ideias socialistas e marxistas em Portugal. Em 1873, ajudou a fundar a Associação Fraternidade Operária, tendo sido o representante português na 1ª Internacional Operária. Foi eleito deputado pelo PSP em 1887 e 1890.
O debate em torno daquelas ideias ficou suspenso no tempo, mas ainda hoje Antero de Quental reassume um papel importante, ficando para sempre referenciado como uma grande figura intelectual e moral, que soube aperceber-se, de modo interveniente, com quase um século de antecedência, dos principais problemas sociais e políticos do nosso país.
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