que nunca foram meninos .
Alves Redol .
Tinha algum jeito para o desenho . Era pelo menos o que os
meus familiares diziam . Como é que podia ser artista, se eu
nem sequer dispunha de material adequado para mostrar as
minhas habilidades .
Diziam os meus avós, que deveria sair ao meu Tio Lucas, um
santeiro que tinha feito o Menino Jesus, que havia na Igreja
paroquial de Seia .
Tinha feito alguns desenhos baseados nas gravuras dos princi-
pais escritores que vinha no livro da 4ª. classe, e um esboço de
retrato do meu Pai, numa época que ele era mais forte .
Nesse tempo, jogava à bola, era back central no Seia Futebol
Clube .
Mas nessa altura, a arte ainda não entrava
nas minhas cogitações .
A bola e as correrias eram as minhas grandes preocupações .
E andar à aventura com outra malta, na gandaia, sem destino,
tipo
Os Capitães da Areia,
inventando brincadeiras, algumas roçando o perigo .
uma espécie de
Crónica dos Bons Malandros,
à nossa medida .
E havia a Escola, bem entendido, mas isso era matéria para os
tempos obrigatórios .
Era apenas um passatempo necessário .
Mais adiante, foi que o meu Pai me avisou que no dia seguinte ia
para a escola nocturna, pois o futuro era via a ser
Debuxador,
que era o curso que estava a ter grande saída .
Nessa noite, lá de apagaram mais uns quantos sonhos e bizarrias .
,