domingo, 23 de julho de 2017

ESQUIZOFRENIA .

Vivi vários anos numa terra vermelha, o Tortosendo, em que 
até alguns industriais pertenciam ao Partido Comunista .
Quase toda a gente era simpatizante ou militante, (tudo na
clandestinidade ) .

Ia para o Liceu da Covilhã, de boleia com  os filhos dos in-
dustriais, num carro guiado  pelo motorista de um desses
ricalhaços .
Saía mais barato pagar a sala de estudos, do que a camioneta 
da carreira .

Aí fiz o meu 2º. Ano .

De seguida, fui para 

Castelo Branco,  onde fiz o 3º. ano .

Posteriormente, a minha família rumou à Covilhã .

Foi então que fui repartido em duas metades, 

de manhã pela fresquinha fre-
quentava o Colégio Moderno ;

Á noitinha , ia para a escola da 
noite tirar o Curso Industrial .


Como vêem, era simples ...

Comia o bife da alcatra, 
ao almoço,
jantava na sopa dos pobres .

Num ápice, mergulhei no mundo do trabalho .
Foi um triplo salto mortal, com duas piruetas à rectaguarda .

Apesar de tudo, o que me servia de cola, era a minha família, 
embora já meio desmembrada nessa altura,
e finalmente um casa, junto ao Tribunal da Covilhã e ao pé da
estação do combóio .

Aí se iniciou a minha nova vida . 

Saía de casa, por volta das sete da manhã, e regressava por vol-
ta da meia noite .

A minha Mãe preparava-me o jantar às sete, e por vezes deixava-
-me uma chávena de chá, quando voltava para casa .

Não tinha muito trabalho nas aulas, quer de dia, quer de noite .

Talvez nunca tenham experimentado o ensino nocturno .
Ali não há faltas de qualquer natureza . Só as de mau compor-
tamento . A selecção faz-se pelo interesse e sacrifícios que os
alunos demonstram .

Foi uma época fantástica, em certos aspectos, mas muito doloro-
sa noutros .

Percebi o real significado de duas palavras muito importantes :

A SOLIDÃO

A SOLIDARIEDADE .
.