segunda-feira, 16 de outubro de 2017

CRIME E CASTIGO .

Qual o horrendo crime pelo qual fui condenado às galés ?

Crime de sangue ? .
Crime de Morte ? 

Que delito terrível ditou o degredo, e me conduziu às chamas 
do inferno ? 

Que grave ofensa conduziu às trevas, à desgraça, ao esque-
cimento, como se de um reincidente celerado, com penas
antigas e continuadas se tratasse ? .

Afinal é tudo assente em sentimentos falaciosos, uma mistu-
ra de falsas sensações mal assimiladas e até carregadas de 
inseguranças e receios infundados .

Os ferimentos físicos doem, mas tratam-
se no doutor .
Os ferimentos psíquicos e morais, esses sim,
deixam cicatrizes para sempre e magoam 
para toda a vida .

Como é ténue a confiança entre as pessoas,
como é frágil a bondade e o carinho como somos tratados .

Como é efémero este mundo onde nos agitamos,
basta um gesto mal calculado, uma palavra distorcida no con-
texto, e aí surge a tempestade, que irrompe violentamente ás
primeiras rajadas de vento agreste e ao ribombar dos trovões
que iluminam o astro .

Mas. como  na música de Bethoven, depressa tudo acalma e 
recomeça o doce cantar da passarada,

e o sol recomeça a brilhar .
.