quinta-feira, 11 de janeiro de 2018

Aguarelas -5 .

A Escola Campos Melo,
a minha primeira escola de desenho .

Tínhamos poucos professores, talvez quatro :

Ernesto Melo e Castro - Debuxo ;

Wladimir Sphor -Tecnologias;

Barnard -Materiais têxteis;

Passaporte - Desenho;

E os Mestres de Tecelagem e Tinturaria,

da própria Escola industrial .

Era então que iria começar a aprendizagem e o treino das
matérias de Desenho .
.

Havia um sala de desenho enorme na Escola, que ocupava quase 
toda a área do 1º. Piso, e a turma, ao fim do primeiro trimestre 
tinha ficado reduzida a 9 ou 10 alunos .

Agrupava-nos em 2 grupos, cada um no seu canto da sala:
Os ricos, juntos com o professor, que acabava por ser embebedado
em quase todas as aulas . Ele ajudava os filhos dos industriais a fazer
os trabalhos .
No canto oposto ficávamos nós, eu e o Raul Peixeiro, o Cunha e o Pai-
xão, aos quais era eu a ajudar nos desenhos .
Eram dois grupos que quase se não encontravam, e, deste modo, to-
dos tinham boa nota àquela disciplina .

A parte de desenho com modelo, era chata como tudo, gessos e mais 
gessos, como se aquilo interessasse para alguma coisa .

Mas foi quando começou o desenho decorativo, esse sim estimulava a 
habilidade e a imaginação dos alunos .
Essa parte dos desenhos era muito importante, pois os tecidos tèxteis 
tinha por base, a repetição de um modelo, que depois era repetido in-
finitas vezes . Tinha pois que se treinar o gosto e a práctica dos motivos 
seleccionados . 
Quem não dominasse estes tipos de tarefas, poderia dar um bom técnico
têxtil, mas jamais um bom Debuxador .

Os desenhos tinha que primar por uma série de factores, mas certamente
um dos mais importantes, era a qualidade e beleza do desenho saído da 
imaginação do Debuxador .


Muitos eram chamados, 
mas muito poucos os escolhidos .

Entrava-se então na fase de Debuxo, transportando o modelo desenhado e 
seleccionado para o preenchimento dos quadradinhos  numa folha de pa-
pel apropriada, onde os quadradinhos pintados correspondiam a fios que
passavam na parte de cima do tear, e os quadradinhos em banco eram os 
que permaneciam na parte de baixo .

Uma vez trabalhados esses modelos, escolhiam-se os tipos e as côres dos
fios, cruzados a cada passagem das lançadeiras, e a estrutura é executada 
pelos teares, criava o tecido chamado tecido em cru .
Esse tecido irá depois sofrer uma série de operações para o transformar 
num belo corte , que o alfaiate irá talhar um rico terno de belo estambre,
para satisfação do cliente . 

As aguarelas

os guaches, as aguadas, as sombras, os esboços, as trucagens, as colagens
eram usadas para criar o primeiro salto, com vista ao embelezamento dos
tecidos .
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