segunda-feira, 1 de janeiro de 2018

O Pedro e o 25 de Abril .

Tinha o Pedro quase 3 anos, 

quando aconteceu finalmente, o 25 de Abril .

Para ele foi o verdadeiro dia da libertação, pois que nós 
estávamos absorvidos a festejar aquela data, ainda des-
crentes e duvidosos do que estaria para vir, que até nos 
esquecemos de lhe dar a papa . 
Depois fomos à loja do Sr. Eduardo, já quase saqueada,
para conseguir-mos angariar, com dificuldade, alguma 
coisa de comer .

Tinha começado uma nova era, o mundo velho ia morrer .
Eram grandes as esperanças, maiores as promessas .
Tudo parecia valer a pena, mesmo que a alma fosse um
pouco pequena .

O Mário Pedro foi criado numa atmosfera aberta e tole-
rante, em que o sonho estava sempre à espreita .

Costumávamos dizer por graça, que tinha sido vacinado ,
logo em pequenino, com as vacinas do Benfica e do PS,
inoculadas pelo Rodrigues, o namorado da Júlia, emprega-
da da nossa casa, e cuidadora do rapaz .
A vacina do Benfica pegou logo, a do PS levou algum tempo
a fazer o seu caminho .

Miúdo espertalhaço, convivia muito com os adultos e discu-
tia acaloradamente com os da sua idade .
Ouvia atentamente as opiniões dos pais, e depois fazia o seu 
julgamento .
Quer eu, quer a mãe, navegávamos noutras águas ideológicas .

No 25 de Abril, desde sempre que saíamos os três de casa, bem 
cedo, e percorríamos e participávamos em 3 manifestações,ca-
da côr, seu paladar .
De manhã íamos ao PCP, depois do almoço curtíamos a festa 
do PS, à noite atacávamos a manif da esquerdalhada .
.

Só mais tarde, então já no Colégio Moderno, é que começou a de-
senvolver uma militância política mais séria .
Tinha como modelos reais, Mário Soares e Maria Barroso, e a malta
camarada que com eles iniciavam então a vida partidária .

Foi militantemente subindo todos os degraus da Jota, e ràpidamente
se tornou um líder natural na estrutura do Partido Socialista .
Atarefava--se em reuniões partidárias sem fim, organizava listas e elei-
çôes, preparava os programas e os textos, conduzia os trabalhos com
eficiêcia e a consideração de muitos dos seus camaradas, com os mais
jovens e com outros já de idade avançada  .

Vivia cada Congresso, cada Distrital, cada reunião das secções, com o
mesmo empenho e entusiasmo, rigoroso, com o dom da palavra e a 
capacidade de congregar vontades e gerir com facilidade as propostas 
e projectos a que se propunha .

Foi desde o seu início, um dos mentores da 

Tertúlia do Martinho da Arcada,

uma espécie de Governo Sombra do grupo liderado por António José
Seguro, juntamente com outros amigos, entre os quais saliento o Álvaro
Beleza, o David Santos, o Ricardo, o Franco, o Pedro Antão e a Elsa, a
Carmen, o Jorjão, o António, o Paulo, e outros que a minha memória já
não retém, mas que estão referidos no cabeçalho do Blog . Entretanto,
em homenagem ao Mário Pedro, o Grupo passou a designar-se

Tertúlia do Garcia 

que continua a reunir-se, embora com menos regularidade, e costuma 
agregar, como convidados, gente importante do PS, ou de outros qua-
drantes . 

O Mário integrou a primeira delegação portuguesa ao Parlamento Euro-
peu Jovem, realizada em Versailles, em nome do Colégio Moderno de Lis-
boa .

Para mostrar a sua categoria, como activista político e também como 
aluno, o Mário Pedro foi galardoado, juntamente com outro colega e ami-
go,  o Morgado, com o Prémio de melhor aluno do Colégio, em 1988/89 .

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