quinta-feira, 4 de janeiro de 2018

Sobre a Corru(p)ção .

A história da pulhice humana .

Dizia um dos capitães de Abril, que foi o Presidente da Comissão
de Extinção da PIDE/DGS,  o Comandante Costa Brás , que só ha-
via lugar a corrupção, se algum dos intervenientes, corruptor ou 
corrompido, fosse funcionário ou agente do Estado . 

E ele era uma autoridade na matéria .

Como facilmente se depreende, a maioria dos portugueses nunca
viriam a practicar a corrupção ( com esta conversa, até já a pala-
vra foi corrompida, perdendo o p do meio ).

Nesta acepção, Caím matou Abel, mas não foi um acto de corrup-
ção, foi só um assassinato.

Para a grande maioria da nossa população, pode-se roubar, fanar,
surripiar, aliviar, extorquir, caçar, limpar, assaltar, arrombar, tudo
e mais alguma coisa, mas practicar a corrupção é que não ...

É privilégio de Governantes, Magistrados, Agentes Policiais e figu-
ras gradas do regime vigente, e da rapaziada de horário e ordena-
inscrito nos livros do Estado .

Compreende-se agora a razão porque tanta gente importante, que 
tanto se tem esforçado para continuar à solta, e raramente ter pro-
blemas com a Justiça e outras Corporações estruturantes da nossa
Nação .

Confesso que a ideia que eu fazia daqueles coitados de profissão li-
beral, que enganam descaradamente o pagode, e nunca têm que
prestar contas a ninguém, mesmo que a batota nos negócios seja
exorbitante, estava profundamente errada .

Mas tenho que respeitosamente aceitar o meu erro .

Um dos meus grandes meus mentores em questões morais e sociais, 
o Prof. Doutor José Vilhena, com interessante e vultosa obra publi-
cada (e até fortemente censurada no Antigo Regime ), foi um dos 
mais importantes autores sobre estas questões .

De referir a Enciclopédia, em numerosos volumes,

"A história da pulhice humana",

que foi leitura obrigatória e companhia indispensável do travesseiro, 
para quem se interessasse pelo fenómeno da ladroagem .

O autor acabou na cadeia, mas não por corrupção .

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